sábado, 14 de março de 2015

O país onde não existe McDonald's

A tradição é sem dúvida um dos fundamentos mais valorizados no continente latino-americano, uma região contrastante, onde as inovações e o conservadorismo se misturam.
O poder da formação cultural de um povo muitas vezes é subestimado, mas na realidade, é capaz de ditar regras e potencializar ações nunca imaginadas.
Muitos podem até achar que a influência das empresas multinacionais globais é inevitável e que todos os países, especialmente os subdesenvolvidos, aderem facilmente às estratégias marqueteiras de tais corporações. Mas existem exceções.


É nítido que tais empresas sejam poderosas e que sua influência abranja a maioria gritante dos países, tais como o Brasil, o México, a Argentina, dentre outras nações emergentes que aderem ao neo-liberalismo e à política do consumo.
Embora o monopólio e a hegemonia dite regras e estabeleça padrões de consumo e comportamento, sempre existe alguns "nichos" onde a grande corrente hegemônica não consegue penetrar.


Já parou para pensar que empresas multinacionais como o McDonal's não são tão poderosas como parecem?
Líder em vendas no Brasil, sendo uma das maiores franquias do mundo, presente em mais de cem países, a imponente e influente rede de fastfood perdeu uma batalha para a Bolívia.
Isso mesmo. Um dos países mais pobres e subdesenvolvidos da América do Sul conseguiu resistir às estratégias de marketing e ao poder de uma das maiores corporações norte-americanas.
Mas como?


O que melhor explicaria a derrota da poderosa rede de fastfood seria simplesmente o alto grau de tradicionalismo existente na Bolívia.
Após diversas tentativas em expandir seu mercado nas principais cidades do país, o McDonald's se viu em um grande abismo, obtendo prejuízos alarmantes e um grupo consumidor pífio, comparado à outros países onde a empresa é um sucesso em vendas.
 No ano de 2002, um a um, todos os restaurantes da rede foram fechados na Bolívia, devido à situação  financeira insustentável em que se encontravam à anos.


Severamente rejeitada pela população local, a rede norte-americana foi vítima da baixa demanda por seus produtos e se viu obrigada a "jogar a toalha".
Faltou expertize por parte do McDonald's ao não se prontificar em pesquisar e conhecer melhor o marcado e o público consumidor daquele país.
Ao menos deveria saber que 60% da população boliviana é indígena, e sendo assim, não possui interesse algum em gastar dinheiro com comidas industrializadas.


A população boliviana se recusou a aderir à cultura alimentar norte-americana, pautada no consumo exacerbado de alimentos quimicamente manipulados e industrializados.
De acordo com a tradição do país, os alimentos devem ser naturais e preparados ao gosto local. 
Os bolivianos em sua grande maioria não confiam em redes de fastfood, pois acreditam que os alimentos comercializados por essas empresas possam fazer mal a saúde e não são de boa procedência.



Além de suspeitar da qualidade dos alimentos fornecidos pelo McDonald's, a população do país andino não confia em comidas preparadas em tão pouco tempo, e também é extremamente tradicionalista e patriota.
Um boliviano dificilmente trocaria um prato típico de seu país por um lanche padronizado e produzido ao modo norte-americano.
Por lá, a população é doutrinada por uma cultura sócio-politica anti-imperialista e simplista, onde os ideais de consumo pregados pelas corporações multinacionais não conseguem penetrar.
O que parecia impossível se sucedeu. Um país modesto da América do Sul deu um "tapa na cara" do monopólio corporativo norte-americano e se mostrou firme diante do imperialismo, afirmando-se como uma nação que não se deixa manipular por anúncios publicitários, colocando um freio na doutrinação cultural praticada pelos EUA na América Latina.
André Felipe Maria

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