quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Bogotá, um exemplo em infraestrutura

A América Latina é considerada a região mias urbanizada do mundo. Apesar do seu baixo desenvolvimento perante a Europa e a America do Norte, o continente conta com imensas cidades que abrigam 78% da população, três pontos percentuais afrente do continente europeu.
Cidades globais como a Cidade do México, Buenos Aires, São Paulo, Rio de Janeiro, Bogotá, Santiago e Lima são exemplos deste fenômeno de crescimento potencializado pelo êxodo rural.

O crescimento descontrolado das cidades latino-americanas que se sucedeu sem planejamento, ou seja, casualmente, acarretou diversos problemas estruturais e sociais, tal como o aumento da criminalidade, o deficitil habitacional que originou as favelas e moradias improvisadas, falta de espaço, mal planejamento urbanístico, saturação dos espaços, poluição, problemas de mobilidade urbana, superlotação de creches, escolas e hospitais, deterioração de bens naturais, como rios, lagos e parques, não permitindo que a população viva sustentavelmente nas grandes metrópoles.



O fenômeno do êxodo provocou uma radical e repentina transferência de milhares de pessoas para os novos espaços urbanos, o que provocou um grande aumento no número de usuários dos serviços públicos.
A má gestão política que não prioriza as devidas melhorias nos serviços públicos, não tendo em vista o aumento da demanda, acarreta na superlotação dos transportes coletivos e a saturação das ruas e avenidas, provocando os terríveis engarrafamentos que atrasam a vida dos motoristas e os deixam a mercê de arrastões. O uso descontrolado de automóveis foi potencializado pela baixa oferta de ônibus, metrôs e trens de qualidade em quantidades insuficientes para suprir as necessidades da população.



Em meio a incompetência dos gestores municipais que não promovem politicas eficientes, alguns governantes mais arrojados quebram o estigma que é atribuído aos políticos latino-americanos e passam a ser exemplo de excelência em gestão pública.
Enrique Peñalosa foi um dos mais eficientes, senão o mais eficiente prefeito que Bogotá já teve. A capital colombiana com mais de 8 milhões de habitantes foi formada pelo mesmo processo de crescimento migratório, repentino e não planejado, tal como as demais cidades do continente. apresentando problemas similares à cidade de São Paulo, tal como a insegurança e a estrutura de transporte precária.
Em meio à situação caótica da capital, Enrique decide dar a volta por cima e tornar Bogotá uma cidade diferenciada, exemplo de gestão para a América Latina e de superação para o resto do mundo.



O economista e administrador que governou a maior cidade da Colômbia entre 1998 e 2001 foi responsável por uma série de melhorias. Enrique se viu desafiado à nadar contra a corrente, organizar uma cidade que fora construída após anos de descontrole e torná-la agradável aos seus habitantes.
Este exímio gestor foi responsável pela criação de um novo modelo de cidade, dando prioridade às crianças e aos espaços públicos. Construiu quilômetros de ciclofaixas e calçadas, aumentou o número de áreas verdes e parques, plantou mais de 100 mil árvores, revolucionou o sistema rodoviário implementando uma eficiente logística para o tráfego de ônibus e micro-ônibus, o que foi um sucesso para a mobilidade urbana da capital.



Peñalosa instituiu áreas de trânsito exclusivas para transporte coletivo, construiu áreas de lazer e amplos espaços para pedestres e revitalizou regiões deterioradas da cidade. O político afirma que deve-se instituir direitos iguais à todos os nichos sociais, promovendo transporte, educação e espaços públicos de qualidade para toda população.
Uma de suas reflexões mais profundas é o fato de que, cidades desenvolvidas não são aquelas onde os pobres possuem carros, mas sim, onde até mesmo os ricos fazem uso do transporte público.
A antes caótica Bogotá fora transformada em um exemplo para as demais cidades latino-americanas, cujos problemas com a mobilidade se apresentam similares, frutos do crescimento descontrolado e repentino. Talvez tais medidas possam servir de inspiração para demais gestores no continente, para que promovam politicas publicas que possam modificar os seus espaços urbanos e inovar os serviços públicos prestados à população.

André Felipe Maria

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